Quem se considera bom demais para ficar zangado acaba com o relacionamento

Equilíbrio, amor e vingança
Se alguém me maltrata, tenho necessidade de me desforrar. É uma necessidade de vingança. Se ela for satisfeita, o equilíbrio é restaurado. Se alguém comete uma injustiça comigo e eu simplesmente perdoo, fico numa posição superior e o outro não pode fazer mais nada para restabelecer a igualdade entre nós, a não ser ficando mais zangado comigo.
Se a necessidade de equilíbrio no sentido negativo for desrespeitada por razões ideológicas ou religiosas, isso traz consequências funestas. E uma infração contra a necessidade de equilíbrio. Mas se exijo do outro algo como uma reparação, o relacionamento pode voltar a ficar em ordem. Preciso, portanto, pagar na mesma moeda ou exigir algo difícil. Entretanto, se o relacionamento deve ser mantido, a minha atitude deve ser um pouco mais misericordiosa do que a do outro. Por amor, dou um pouco mais do que recebi e, quando injustiçado, dou um pouco menos.
Um exemplo: Um homem magoa a mulher, dizendo-lhe talvez algo como: “Você é igualzinha à sua mãe”. Se a mulher ficou muito sentida, ela tem de feri-lo também para restaurar o equilíbrio e dizer-lhe algo que o magoe. Essa é uma lição que muitos não entendem: o equilíbrio precisa ser restaurado tanto no bem quanto no mal. O amor só floresce quando o equilíbrio pode ser restaurado, na medida em que dou ao outro um pouco mais do bem que recebo e um pouco menos do mal. Assim o amor pode ter uma chance também no equilíbrio do negativo.
Um outro exemplo: Na África do Sul, assumi a direção de uma escola, uma grande escola de elite. Os alunos quiseram me testar, uma vez que eu era diretor e ao mesmo tempo pároco. Na Quinta-Feira Santa disseram-me que queriam ir à cidade, pois tinham o dia livre. Eu lhes disse: “Tudo bem, mas vocês têm de estar de volta para a missa”. Precisava deles para o coro. Mas todos voltaram somente à noite. Eles me magoaram e, para restaurar a ordem, era preciso que houvesse uma compensação. Nessa escola havia uma espécie de autoadministração do corpo discente. A noite chamei os representantes dos alunos. Primeiro deixei-os sentados e durante quinze minutos não disse uma palavra. Foi a primeira coisa. Depois lhes disse: “A disciplina foi quebrada. Vocês querem algo de mim e da escola. Se não quiser dar-lhes mais, o que vão fazer? Vocês precisam reconquistar a minha confiança. Portanto, faço-lhes uma proposta: Amanhã de manhã vocês vão reunir todos os alunos e discutir como poderão restaurar a disciplina”.
Na manhã seguinte eles se reuniram, discutiram durante quatro horas e vieram com uma proposta. Entretanto, essa proposta não exigia o suficiente deles para equilibrar o que tinham feito. Eu disse a eles: “Não, isso é ridículo, discutam mais uma vez”. Discutiram novamente durante quatro horas e me propuseram: “Nas férias trabalharemos um dia inteiro no campo de futebol e o colocaremos em ordem”. “De acordo”, eu disse. Quando já tinham trabalhado a metade do dia, eu lhes disse: “Já basta”. Fui condescendente e nunca mais tive problemas disciplinares.
Tenho de lembrar de colocar isso em prática em minha casa.
Quando uma mãe é rígida demais, ela perde o amor. Ela também precisa ceder. Precisa ir contra os próprios princípios para manter o amor. Mas, se ela não tem princípios, isso também é ruim para as crianças.
Eu diria a mesma coisa.
A maioria das mães faz isso naturalmente. Cede sempre um pouquinho; assim as crianças sentem-se aliviadas.
O dar e o receber, tanto no bem quanto no mal, é válido somente para pequenos grupos?
Sim, nesse contexto, isso incentiva o relacionamento. Quem se considera bom demais para ficar zangado acaba com o relacionamento. Ficar zangado com quem me ofendeu é muito importante para que o relacionamento possa ser retomado. Entretanto, se alguém faz algo muito ruim para uma outra pessoa porque se sente nesse direito, então o mal não tem fim.
Bert Hellinger- Pai da Constelação Familiar
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